Aviação de combate da Força Aérea Brasileira, pronta para o século XXI
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Aviação de combate da Força Aérea Brasileira, pronta para o século XXI

Gripen. Foto Saab
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(Infodefensa.com)

Ao completar 80 anos, a Força Aérea Brasileira apresenta uma respeitável capacidade de combate apoiada por uma extensa rede de sensores em terra e no espaço.


Seus 77 mil homens e mulheres praticam o profissionalismo em diversas e variadas atividades dentro da estrutura organizacional da Força.

Radares de fabricação nacional monitoram o espaço aéreo e satélites de comunicações deram vida aos novos Data Link BR e IFFMOD4 BR, dentre outras capacidades que configuram uma genuína rede NCW (network centric warfare).

Os programas estratégicos da Dimensão 22, assim como as novas tecnologias em desenvolvimento ou armas em introdução garantem a dianteira tecnológica da Força Aérea Brasileira na América do Sul.

Saab Gripen F-39 E/F

 

O F-39 Gripen E/F, com 36 exemplares encomendados (um entregue), será um dos principais usuários dessa “nuvem de combate” que inclui ainda aeronaves Embraer E-99 Guardião com radares atualizados capazes de “fechar” qualquer claro de cobertura no imenso espaço aéreo brasileiro.

O segundo E-99 modernizado (de quatro encomendados) foi entregue em dezembro de 2020 pela Embraer.

O Data Link BR amplia consideravelmente o poder de combate dos caças, integrando tropas e sistemas em terra, no mar e no ar, enquanto o IFFMOD4 BR permitirá engajamentos BVR (beyond visual range) em distâncias de 100 km ou mais, usando mísseis MBDA Meteor, com total segurança para validar alvos hostis.


Para ataque ao solo, o avião deverá ser armado com as bombas Spice, da israelense Rafael, ou armamento convencional de fabricação nacional.

Mísseis anti-navio RBS-15 podem ser disparados dos F.39, e para aquisição de alvos o caça pode receber um equipamento adicional do tipo Recce Litte ou Lightning, além de contar com um moderno sensor passivo IRST no nariz.

O conceito “Eletronic Stealth” do F.39 E/F Gripen combina agilidade e velocidade da plataforma, eletrônica e sensores avançados como o radar AESA Raven-05, contra-medidas eletrônicas integradas, sistema defensivo com emprego de jammers, decoys ativos e lançadores de chaffs e flares propulsados, capazes inclusive de mudar sua direção após o lançamento e assim enganar mísseis inimigos.

Até 2021 está prevista a entrega de mais caças Gripen F-39, sendo que pelo menos 15 das 36 aeronaves adquiridas serão montadas em Gavião Peixoto, onde foi criado um centro de transferência de tecnologia. Já em São Bernardo do Campo (SP) foi erguida uma fábrica de aeroestruturas e montagens.

Os 36 aviões deverão ser totalmente entregues até o final do ano fiscal de 2028, segundo dados da Força Aérea Brasileira.

Embraer A-1 AMX International

 

Criado nos anos de 1980, o Embraer A-1 AMX entrou em serviço a partir de 1989. Foram encomendados 45 exemplares de um lugar (A-1 e A-1A) e 11 aviões de dois lugares (A-1B).


O projeto do AMX trouxe a modernidade a FAB, pois ela foi a primeira aeronave da frota, em sua história, equipada com radar warning receiver (RWR), lançadores de chaff/flare, head-up display (HUD), conceito hands on throthle and stick (Hotas), suíte de guerra eletrônica, assentos ejetáveis “zero-zero” (ejeção no solo com aeronave parada) e sistemas de planejamento de missão baseados em computador, algo corriqueiro em aeronaves de combate nos dias atuais.

O A-1A e o A-1B diferem dos AMX italianos por utilizarem dois canhões MK 164 de 30 mm da Israel Military Industries (versão do canhão DEFA 554 francês produzidos por Israel) com 150 munições cada, ao invés do canhão de 20 mm General Electric M61A1 Vulcan do AMX italiano.

O AMX brasileiro foi planejado para utilizar o radar SCP-01 nacional trabalhando nos modos ar-ar, ar-solo, ar-superfície e meteorológico, no entanto, problemas enfrentados durante o desenvolvimento e os custos elevados acabaram por inviabilizar a conclusão do projeto e a sua posterior instalação na aeronave.

Apenas as variantes modernizadas enfim passaram a contar com o SCP-01. A modernização da frota de AMX, que começou prevendo 43 aviões atualizados diminuiu drasticamente para 14 aeronaves após cortes orçamentários e atrasos técnicos, e assim apenas 11 A-1AM (monoplace) e três A-1BM (biplace) serão modernizados. A frota resultante, com cerca de 24 aeronaves, deverá operar até 2030 nos dois esquadrões baseados na Ala 4.

Os aviões sem modernização também não possuem a Unidade Auxiliar de Potência (APU), algo essencial em operações fora da sede.

O atrito em 32 anos de emprego é bastante alto, e apenas 19 aeronaves encontram-se operacionais, dentre elas os nove exemplares modernizados pela EMBRAER para o padrão A-1AM de um lugar e A-1BM de dois lugares já entregues, restando cinco para serem completados.


Atualmente o AMX é empregado pelo Esquadrão Poker (1º/10º GAV) e Esquadrão Centauro (3º/10º GAV), na Ala 4 em Santa Maria, cumprindo principalmente as missões de ataque ao solo, apoio aéreo aproximado e reconhecimento.

As aeronaves são utilizadas em sistema de rodízio entre os dois esquadrões, o que vem garantindo níveis aceitáveis de disponibilidade.

O avião possui probe de reabastecimento em voo para aumentar seu alcance e pode utilizar armamento inteligente como bombas guiadas LGB/GBU, mísseis MAR-1 anti-radiação, bombas convencionais de diversos tipos, bombas cluster de submunições e foguetes de diversos calibres.

Apesar de não desenvolver velocidades supersônicas, o AMX notabilizou-se ao longo da sua carreira pelo seu enorme alcance, especialmente com REVO, boa carga de armamentos e manobrabilidade considerada ágil para um caça-bombardeiro, além da sua reconhecida precisão na “entrega” de bombas, mísseis e foguetes.

A aeronave AMX também é empregada pelo Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) para apoiar as atividades de formação de novos pilotos e engenheiros de ensaios em voo e para certificar novas armas e sistemas das indústrias de defesa brasileiras como SIATT, Avibrás Aeroespacial, Equipaer e outras.

Northrop F-5EM/FM Tiger II

 


Responsável pela defesa do espaço aéreo brasileiro até que o F.39 Gripen alcance sua capacidade operacional plena (FOC), os 50 caças F-5EM/FM sobreviventes da frota brasileira estão em serviço desde 1975 e deverão completar 50 anos de serviço ativo quando derem baixa a partir de 2030.

Modernizados a partir de 2001 com massivo emprego de tecnologias israelenses, uma empreitada avaliada em US 285 milhões, a modernização dos F-5 brasileiros criou o que é considerada a mais letal e eficaz versão multifunção do caça da Northrop.

Além de receber todas as modernidades que o AMX já apresentava, os F-5EM/FM receberam também mira montada em capacete (HMD), uma aviônica mais moderna e funcional, digital, novos sistemas de comunicações, guerra eletrônica, alerta de recalada radar, sistema de auto-defesa e novos mísseis Python IV e Derby BVR, substituindo os antigos Sidewinder e Python III.

O F-5EM/FM recebeu o radar italiano Grifo F fornecido pela Leonardo capaz de localizar alvos a 80 km de distância de forma autônoma. Esse alcance de detecção habilitou o uso de mísseis de médio alcance, colocando os F-5 brasileiros na faixa de combate BVR (beyond-visual-range), e trazendo pela primeira vez a capacidade de atacar alvos aéreos além do horizonte.

A modernização foi uma solução provisória enquanto a FAB estudava as opções de novos jatos para atualizar a frota, o que foi definido somente em 2013 com a escolha do Saab Gripen E/F.

À medida que os novos jatos suecos chegarem ao Brasil, os F-5EM/FM serão gradativamente desativados até o final desta década.

A frota atual está dividida entre cinco esquadrões, Pampa, sediado em Canoas (RS), Pacau, em Manaus (AM); Jambock e Pif Paf, em Santa Cruz (RJ); e o Jaguar, baseado em Anápolis (GO). 

Embraer A-29 Super Tucano

 

Introduzido em 2004 como resultado do Programa ALX, que previa um interceptador amazônico para o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM), o Super Tucano ou EMB-314 é o sucessor do Tucano T-27 em missões de treinamento e um projeto inovador como aeronave de ataque leve, tendo obtido sucesso em operações reais de combate, inclusive na América do Sul.


A inserção da aeronave de fabricação nacional em substituição aos AT-26 Xavante que já estavam havia mais de 40 anos em operação, representou uma mudança significativa no processo de instrução e doutrina da Aviação de Caça Brasileira.

Ao contrário do seu antecessor, o Super Tucano conta com uma interface homem-máquina avançada, modernos e precisos sistemas de emprego do armamento e navegação, que desenvolvem competências necessárias para atuar em complexos cenários e em modernas aeronaves de combate, como o A-1AM, F-5EM e o F-39E Gripen.

Turboélice multimissão robusto e confiável, foi adquirido pela Força Aérea Brasileira em duas versões, uma precipuamente de ataque/patrulhamento de fronteiras, e outra voltada para o treinamento avançado/conversão operacional duplo comando, mas mantendo a capacidade de combate. No total, 99 exemplares foram entregues.

O Super Tucano foi projetado para operar em cenários complexos de combate, incluindo a funcionalidade de visão noturna, armamento inteligente e tecnologia de enlace de dados ou data link.

Além de uma estrutura reforçada para operações em pistas não preparadas, o avião conta com um avançado sistema integrado de navegação e pontaria de armas que lhe garante alta precisão e confiabilidade na realização de missões, mesmo em condições extremas e com mínimo apoio logístico.

A frota de EMB-314 voltada para o combate, na Força Aérea, está distribuída pelos “Terceiros”, ou seja, no 1º/3º GAv, com sede na Base Aérea de Boa Vista; ao 2º/3º GAv, na Base Aérea de Porto Velho e ao 3º/3º GAv, na Base Aérea de Campo Grande.

Esses aviões deverão passar por um Midi-Life-Upgrade nos próximos anos, de modo a manterem-se atualizados para formar novos pilotos e continuar a patrulhar as fronteiras brasileiras empregando modernos armamentos e sensores. O Super Tucano modernizado deverá voar até 2040 segundo fontes no Alto Comando da FAB.

Um futuro bem construído

 

A introdução de uma aeronave de sistemas de sistemas como o Gripen E/F representa muitos desafios, um deles a formação dos pilotos, tanto com relação as técnicas de pilotagem quanto na compreensão das capacidades da aeronave e as melhores táticas para responder a cada ameaça.


Segundo o comandante da unidade de caça que vai receber os primeiros Gripen F.39 (1° GDA), tenente-coronel aviador Leandro Vinicius Coelho “O início da formação operacional de pilotos de F-39 Gripen é um marco no processo de implantação dessa aeronave na FAB”.

O coronel aviador Gustavo Pestana Garcez, comandante da Ala 2, base onde está o 1º GDA, complementa “Esse momento é de suma importância para toda uma equipe que trabalhou e ainda trabalha na capacitação de profissionais e na implementação da infraestrutura necessária para o recebimento dos novos aviões F-39E Gripen”.

Para o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Antonio Carlos Bermudes “O Gripen representa a melhor relação custo-benefício e acesso irrestrito a modernos armamentos e transferência de tecnologia, traduzindo-se em conhecimento para o Brasil”.

Para a Saab, o programa do Gripen E/F representa uma enorme responsabilidade tanto com relação a Suécia quanto em relação ao Brasil.

Prova disso é que na última quinta-feira (28/01), a empresa realizou um evento online que abordou informações a respeito do caça e seus principais sistemas e sensores.

Para a empresa sueca, o Gripen é um caça “game changer” capaz de responder a múltiplas ameaças usando um avançado conjunto de contramedidas, e o piloto chefe de testes, Marcus Wandt (bastante conhecido no Brasil por ser o responsável pelo primeiro voo do F.39 nos céus do País) explicou, durante a participação no evento organizado pela Saab, os recursos modernos da aeronave, como por exemplo, a tela WAD de fabricação brasileira que fornece informações essenciais ao piloto e diminui a sua carga de trabalho enquanto aumenta sua consciência situacional.

Outro aspecto relatado na live pelo time de Guerra Eletrônica da Saab foram detalhes funcionais de alguns sensores e equipamentos do caça para auto defesa, como por exemplo, os dispensadores de chaff/flare, de dois tipos, o BOP, que usa cargas pirotécnicas para ejetar os cartuchos, e o BOL, que funciona de forma eletro-mecânica.

Enquanto o primeiro vai instalado na fuselagem traseira do Gripen, o segundo é instalado em um adaptador que aproveita os pilones de fixação de armamento, desse modo não restringindo a capacidade de transportar armas que o avião oferece.

O enorme sensor infravermelho (IRST) instalado no nariz alerta sobre a aproximação de aeronaves inimigas de forma silenciosa, e foi mostrado por Wendt, assim como o sistema Missile Approaching Warning System (sistema de alerta de aproximação de míssil) que detecta automaticamente mísseis inimigos em curso de colisão e seleciona as contramedidas adequadas para despistá-los.

O radar principal do caça, o AESA ES-05 Raven, teve destacada a sua tecnologia washplate, que permite ao radar “ver sobre os ombros” em ângulos de emissão negativos, uma característica inovadora.

Wendt informou “O Gripen E/F é a versão mais moderna da aeronave e atualmente conta com pedidos para o Brasil e para a Real Força Aérea da Suécia. No Brasil o Gripen será conhecido como F-39 E/F, 36 unidades estão encomendadas (28 exemplares monopostos e oito bipostos), sendo que algumas unidades serão parcialmente e/ou totalmente construídas no país”, concluiu.

A FAB deve receber suas primeiras unidades operacionais do caça ao final de 2021, após a realização das campanhas de disparo de armamentos como bombas e mísseis, previstas para acontecerem ainda no primeiro semestre.



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