Em um novo e surpreendente capítulo da Saga do NAe São Paulo, logo após a Marinha do Brasil emitir uma nota afirmando que vai afundar o casco, e a antiga operadora contratada, a MSK, em conjunto com a SOK, a empresa compradora turca, responder com outra nota desdizendo a Marinha, surge em cena um terceiro ator, o Grupo Sela (Sela Group), da Arábia Saudita, formalizando uma proposta de R$ 30 milhões para comprar o casco, inclusive propondo o emprego de um navio cargueiro submergível, contratado e pago por eles, para levar do litoral brasileiro até o Golfo Pérsico o casco do ex-porta-aviões, onde este seria desmantelado ou mesmo transformado em um empreendimento turístico.
A proposta de compra do casco foi apresentada pelo Sela Group através do Escritório de Advocacia Bahov Associados, de São Paulo, e já seria a segunda vez que os sauditas o fazem, pois a Marinha do Brasil teria ignorado o primeiro contato, feito no último dia de 2022, e não havia se manifestado ainda sobre a segunda oferta.
O gigantesco navio submersível Blue Marlin, da Dockwise, pode receber os 266 metros de casco do ex-NAe São Paulo. Foto: Dockwise
De fato, essa novidade surge em um momento onde não faltam críticas a Marinha do Brasil pelo impacto ambiental do afundamento, caso aconteça no mar territorial brasileiro (ou em qualquer lugar), e também não faltam críticas ao comportamento da empresa turca que comprou o casco, e ao Governo Turco, que somente mudou de idéia com relação ao navio após intensa pressão popular, que gerou um fragoroso embate político entre a oposição turca e o governo de Recep Tayyip Erdogan.
Antes disso acontecer, o casco era um bom negócio e a documentação/inventário estava referendada como correta, tanto pelo Governo e Agências Turcas quanto pela Marinha do Brasil e Governo Brasileiro.
Sela Group é um conglomerado de empresas que reúne capacidades como a construção de infraestruturas nacionais sauditas até investimentos em esportes populares. Fotos: Sela Group
Depois dessa pressão interna na Turquia, a situação mudou completamente, chegando aos dias atuais com essa esdrúxula situação onde o Brasil lava as suas mãos (Marinha), os turcos se dizem prejudicados (SOK/MSK) e um milionário grupo saudita, especializado em grandes obras de infra estrutura nacional e investimentos esportivos, diz que compra o casco a vista, em dinheiro, e o transporta para o Golfo Pérsico sem que seja necessário sequer que o casco flutue.
Nos bastidores dessa oferta Saudi, o comentário das pessoas próximas é que dinheiro não é problema para tornar isso possível.
No ano 2000, o Blue Marlin transportou de volta para os Estados Unidos o USS Cole, de 252 metros, atingido por um ataque terrorista que abriu um rombo de 12 metros no seu casco, a meia nau. Foto: Dockwise