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Lento, mas constante: o ‘passo a passo’ da Defesa Brasileira em 2023
Projetos Estratégicos de Terra, Mar e Ar.
Ministério da Defesa
Os Projetos Estratégicos das Forças de terra mar e ar do Brasil, apesar dos percalços da Economia e do necessário reajuste após uma mudança de governo, conseguiram manter as entregas previstas em ritmo um tanto lento, mas acontecendo.
O chamado Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), nada mais é que uma revisão e confirmação dos investimentos alinhavados em contratos do Ministério da Defesa e das Três Forças, que somados chegam a R$ 52 bilhões em investimentos para os próximos anos, especialmente o período até 2026.
No gráfico ilustrativo a seguir, é possível conferir os principais investimentos do Governo do Brasil em Defesa, dentro de um horizonte de planejamento que abrange mais de quatro décadas (revisto a cada quatro anos quando ocorre a revisão planejada quadrienal da Estratégia Nacional de Defesa ou END).
Na relações internacionais do setor de Defesa brasileiro, 2023 teve o protagonismo dos sauditas, que enviaram uma missão diplomática e comercial para realizar diversos negócios e acordos, e dos Emirados Àrabes Unidos, cuja empresa estatal de defesa, EDGE Group, elegeu o Brasil como um dos pilares de sua estratégia de crescimento regional e global, adquirindo empresas, investindo na industrialização de produtos e estabelecendo parcerias com a Base Industrial de Defesa brasileira como há muito não se via.
A LAAD 2023, em abril, no Rio de Janeiro, foi o grande motor de indução desses negócios, trazendo o País de volta ao circuito dos grandes eventos internacionais do setor.
A feira, que ocupa diversos pavilhões do Riocentro, no Rio de Janeiro, teve sua última edição em 2018, antes da Pandemia de Covid 19.
Marinha do Brasil
A Marinha do Brasil tem quatro fragatas modernas Classe Tamandaré encomendadas, e a primeira deverá ser lançada ao mar em meados de 2024 e entregue a Esquadra ao final de 2025.
A contrução da 2ª unidade foi iniciada em 2023, e os planos estão dentro do cronograma determinado pelo Consórcio Águas Azuis, liderado pela ThyssenKrupp Marine Systems, para mais duas delas.
O Programa de Navios Patrulha, PRONAPA ou NPa500MB , finalmente decolou, e primeiro deles, o Mangaratiba, está em adiantado estágio de construção no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, com 90% dos trabalhos concluídos.
O valor total do programa de navios-patrulha de 500 toneladas, informado no Plano Plurianual (PPA), é de R$ 5,26 bilhões.
No Corpo de Fuzileiros Navais, 2023 assistiu a chegada de mais blindados norte-americanos 4x4 JLTV, e seu emprego em ações reais e nos grandes treinamentos mostram o acerto na sua aquisição.
A viatura JLTV atende especialmente à demanda de utilização desses veículos em ambientes urbanos e provém a proteção adequada aos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais nas mais diferentes missões no Brasil e no exterior.
O PROSUB anotou a entrada em serviço do Submarino Riachuelo em 2023, após extensos testes HAT/SAT e operacionais, incluindo disparo de armamentos.
Como o primeiro da classe, o S-40 Riachuelo tem um papel fundamental na atualização de doutrinas e táticas de guerra submarina e anti-supefície, já que agora a Força de Submarinos da Esquadra opera mísseis superfície-superfície lançáveis submersos, com alcance superior a 100km, e torpedos pesados F-21 filogiados por fibra óptica, o que revoluciona por completo a forma de combater dessa força e aumenta exponencialmente a letalidade da Marinha do Brasil no Atlântico Sul.
Trata-se da mais sofisticada e capaz classe de submarinos diesel elétricos da América do Sul, e cabe a Esquadra Brasileira trabalhar para manter essa superioridade estratégica ao longo dos próximos anos, ou até a introdução de uma nova classe de submarinos ainda mais capazes que a classe Riachuelo.
Exército Brasileiro
Dos Programas Estratégicos do Exército, o que mais gerou fatos e entregas foi o Programa Guarani, com os blindados sobre rodas brasileiro saindo da "lista" de sanções e proibições do BAFA (Governo Alemão) e confirmando assim as primeiras exportações via Israel para Filipinas e Malásia.
As torres UT30BR, destinadas a uma versão do Guarani armados com esses sistemas de canhões de 30mm, foram oficialmente aceitas em serviço no Brasil e uma versão atualizada com sensores mais capazes está sendo desenvolvida.
O Guarani 6x6 também foi adaptado para transportar uma peça de morteiro e sua dotação de granadas, além dos operadores, e testes de campo realizados durante o Exercício CORE 2023 confirmaram as qualidades do projeto, concebido pelo Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro.
O 6x6 Guarani equipado com SARC Remax ou torres manuais é o próximo equipamento blindado que o Exército Brasileiro deverá basear de forma permanente na sua fronteira norte, na sequência da implementação dos IDV LMV 4x4 Guaicurus, os primeiros a serem enviados, ainda no mês de dezembro correntem, para Boa Vista, na esteira da crise criada artificialmente pelo Governo da Venezuela com relação a boa parte do território da Guiana.
O blindado 6x6 EE-9 Cascavel, armado com canhão de 90mm, prosperou na sua modernização, liderada pela empresa Akaer, com o primeiro protótipo apresentado oficialmente em novembro último na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ) mostrando novos sensores optrônicos, interior remodelado da torre com telas coloridas touch screen, manetes de comando sofisticadas, sistema de tiro digital e comandos de giro e elevação elétricos.
O carro também apresentou chassis modificado com nova motorização mais potente e atual e instalação de ar-condicionado para motorista e tripulantes em seus postos na torre.
O primeiro contrato, em execução, cobre dois protótipos de avaliação e sete exemplares cabeças de série, preparando o terreno para mais contratos que podem totalizar até 98 veículos modernizados.
Na direção oposta, a planejada modernização dos MBT´s Leopard 1A5 BR malogrou completamente, a disponibilidade desses carros caindo a níveis preocupantes devido a falta de consumíveis básicos, que desapareceram do mercado após o envio dos excedentes do modelo para a Ucrânia.
Para amenizar o problema da disponibilidade, foram lançadas operações emergenciais para compra desses ítens consumíveis no mercado internacional, e empresas brasileiras foram contratadas para nacionalizarem ítens como sapatas e almofadas de esteiras, peças e componenetes do sistema de frenagem, cabos e conduítes de comando ou pressurizados, vávulas de alívio e/ou de controle de fluidos, dentre outras.
O suporte do fabricante, a KMW, por contrato, vai até o final de 2027, mas prolongar a vida desses veículos, mesmo sem modernização, vai se tornar cada vez mais difícil e oneroso.
Na Aviação do Exército, seguindo declarações do próprio comandante do EB quando da assunção ao cargo, a prioridade para 2023 foi deslanchar o programa de compra de aeronaves do tipo Black Hawk para reforçar a presença da Aviação de Asas Rotativas na Amazônia brasileira e fronteiras da região norte.
16 helicópteros UH-60M substituirão os modelos Cougar MK.8 (oito exemplares) e UH-60A Black Hawk (quatro exemplares), tornando o tipo norte-americano um modelo essencialmente de emprego amazônico por excelência, devido a sua simplicidade básica e domínio do tipo pela Aviação do Exército.
Acredita-se que a frota fique dividida entre o 4º Batalhão de Aviação do Exército (4ºBAVEX), em Manaus, e o Destacamento de Aviação do Comando Militar do Norte (Dst AvEx/CMN) em Belém, no Pará.
O Programa Estratégico SISFRON seguiu em 2023 expandindo suas capacidades na fronteira amazônica com Peru e Colômbia, onde uma nova série de obras de infra-estrutura, adequação de localidades e instalações de sensores e sistemas como radares, comunicações e equipamentos de ISR, acompanhados de movimentações de tropas e material, ajudam a reforçar a segurança dessa estratégica parte do terrítório brasileiro, vasto em recursos minerais no sub-solo, água potável nos rios e fontes de energia renovável por toda a região.
Força Aérea Brasileira
A Força Aérea Brasileira em 2023 recebeu mais três caças F.39E Gripen (4107, 4106 e 4105), totalizando oito deles no Brasil (sete em Anápolis e o FAB 4100 em Gavião Peixoto, baseado no Gripen Flight Centre da SAAB e Embraer).
Os primeiros ensinamentos operacionais foram colhidos, e mais brasileiros vão sendo formados pelos pilotos suecos experientes, os chamados snipers, contratados para treinarem os locais nas capacidades do avião.
O Gripen E e seu armamento, na atualidade, excede em performance qualquer outro caça de combate do continente, e o grande desafio será manter essa condição ao longo dos próximos 30 anos de uso previstos da aeronave no Brasil.
Quanto ao KC-390 Millennium, o protagonismo internacional em vendas durante 2023 deverá continuar em 2024, e na esteira desse sucesso a Força Aérea e a Embraer alcançaram a Full Operational Capabilities ou F.O.C, marco importantíssimo no esforço de vendas da aeronave.
Portugal, que já está usando seu primeiro exemplar, foi um grande propagandista do avião, satisfeito que estão com a alta disponibilidade e flexibilidade operacional do modelo.
A crise humanitária no Oriente Médio, causada pelo ataque dos terroristas do Hamas a Israel, e a retirada de centenas de cidadõs brasileiros da região do conflito usando os KC-390 Millennium (e também os KC-30) apenas comprovaram, mais uma vez, o acerto na sua aquisição e operação.
